O biogeógrafo Miguel Araújo, membro do CHANGE, foi recentemente convidado pela Fundação Oceano Azul para integrar um restrito grupo de especialistas numa sessão de trabalho com o Presidente francês Emmanuel Macron. O encontro decorreu no âmbito dos preparativos para a 3.ª Conferência das Nações Unidas sobre os Oceanos, que terá lugar em junho na cidade de Nice, organizada pela França em parceria com a Costa Rica.
Durante a audiência, Miguel Araújo destacou as interligações críticas entre os oceanos, o clima e a biodiversidade, alertando para os riscos crescentes da degradação dos ecossistemas marinhos. Sublinhou que, apesar da dispersão da atenção mediática, os oceanos continuam a absorver grande parte dos impactos provocados pelas alterações climáticas, como o aquecimento contínuo, o aumento da frequência de eventos extremos e a intensificação das precipitações intensas.
Entre os pontos principais da sua intervenção, evidenciou-se o papel essencial dos oceanos como reguladores climáticos – absorvendo mais de 90% do excesso de calor no planeta e cerca de 25% das emissões anuais de CO₂ associadas à atividade humana. Araújo alertou, contudo, para sinais de saturação destes mecanismos, e para ameaças crescentes como a mineração em mar profundo, que coloca em risco sedimentos marinhos com reservas de carbono acumuladas ao longo de milénios.
O Presidente Macron demonstrou particular interesse pelas questões levantadas, reconhecendo a necessidade de decisões políticas sustentadas pelo conhecimento científico na proteção dos oceanos e na resposta à crise climática.
Durante o encontro, Miguel Araújo partilhou ainda algumas das linhas de investigação em curso no seu laboratório, nomeadamente os estudos sobre os efeitos das alterações climáticas na biomassa marinha e a dinâmica do ciclo do carbono. Estes projetos visam contribuir para uma melhor compreensão da resposta dos sistemas naturais às pressões ambientais e orientar estratégias de conservação mais eficazes.
O investigador participou também no evento "SOS Oceanos – Paris Meeting", promovido pela Fundação Oceano Azul em parceria com o governo francês e diversas organizações internacionais. Este encontro, que terminou com a simbólica iluminação da Torre Eiffel a azul, teve como objetivo mobilizar a opinião pública e os decisores políticos para a urgência da proteção dos oceanos, reforçando a importância de uma ação coordenada e assente na ciência.
A Fundação Oceano Azul, que teve um papel central na organização da Conferência da ONU sobre os Oceanos em Lisboa (2022), volta agora a afirmar-se como uma voz ativa na preparação da cimeira de Nice. A participação de Miguel Araújo nestes fóruns é reflexo do crescente reconhecimento internacional da ciência produzida em Portugal nas áreas da sustentabilidade e da conservação marinha.
Mais informação aqui: maraujolab.eu