Os desafios do acesso aos dados para conhecer melhor os solos em Portugal e a necessidade de um acordo sobre os indicadores a recolher para este fim foram algumas das principais questões discutidas na mesa-redonda “Saúde do solo: A base para os ecossistemas, a regulação do clima e a segurança alimentar”. A sessão temática, organizada em conjunto pelo CHANGE e pelo TERRA no Encontro Ciência 2024 realizou-se no passado dia 5 de julho na Alfândega do Porto.
A sessão contou com uma introdução de Paulo Branco, do TERRA, e uma mesa-redonda moderada por Susana Filipe, do MED & CHANGE, com a participação de Carlos Guerra, da Universidade de Coimbra, Paula Guedes, do CENSE & CHANGE e José Paulo Sousa, CFE, Universidade de Coimbra e TERRA.
“Há muita informação que é necessário juntar, construir uma base de dados sobre o estado do solo e o seu uso”, realçou Paula Guedes, sublinhando a importância desta ferramenta para desenvolver estratégias de mitigação da degradação dos solos. Carlos Guerra, da Universidade de Coimbra realçou que há muita informação, mas muito regionalizada. “Não temos capacidade de síntese e não temos dados de hoje. Há muita informação, não significa que existam dados”, afirmou.
Além da necessidade de se saber mais sobre os solos em Portugal, os participantes também sublinharam a necessidade de se encontrar uma forma comum de recolher estes dados. “Indicadores químicos, físicos, geológicos, devem ser implementados. Todos os indicadores são possíveis e devem estar em cima da mesa, escolhidos caso a caso, dependendo sobretudo da escala”, afirmou José Paulo Sousa.
“Nós estamos todos a tentar preservar uma coisa que é muito importante, mas que não é nossa, é de milhares de pessoas”, afirmou Carlos Guerra. "Cerca de 40 mil amostras são recolhidas por ano em Portugal, mas são privadas, nós não temos acesso a estes dados”, concluiu, apontando um dos principais desafios para obter conhecimento sobre os solos em Portugal, em comparação com o caso da água ou do ar, que são públicos.
A importância de obter dados sobre os contaminantes em solos agrícolas, do nexo solo-água, a necessidade de haver mais intercomunicação entre agências para haver mais partilha e interligação de informação assim como o papel dos Laboratórios Vivos, foram também discutidos.